A escravidão oitocentista esteve na base dos grandes complexos cafeeiros montados a partir de então. Diferentemente da escravidão colonial, no século XIX, a chamada segunda escravidão dialogava com a ideal de modernidade e a doutrina liberal, ao mesmo tempo em que dava sustentação à consolidação do estado imperial. Além do mais, a escravidão conquistou um alto grau de disseminação social. Assim, quase todos os setores sociais livres dispunham de, pelo menos, um escravo.
Com o fim do Tráfico Atlântico em 1850 esse processo começou a mudar lentamente. No Vale do Paraíba fluminense, o tráfico interprovincial e a reprodução natural da escravaria foram artifícios com os quais os grandes senhores contaram para manter a produção em suas plantations. Estima-se que entre 1850 e 1888 foram transferidos cerca de duzentos mil escravos do Nordeste para a lavoura cafeeira. A proibição do tráfico de escravos africanos ocasionou também um aumento do número de escravos nascidos no Brasil, os chamados crioulos, em relação aos africanos, além de uma maior concentração de cativos e terras nas mãos dos grandes proprietários do Vale. Em fins da década de 1870, a defesa da escravidão como instituição estava reduzida aos interesses de um grupo de grandes proprietários e concentrada no sudeste, o que a enfraquecia enquanto projeto nacional.