Em sua vida cotidiana, os escravos dos grandes plantéis constituíram laços de solidariedade e formações familiares diferenciados. Na fazenda Campo Alegre, por exemplo, observa-se que entre os 182 escravos listados havia mais de 30 núcleos familiares no ano de 1872. Casais sem filhos, casais com 1 a 5 filhos, casais que já possuíam netos, pais viúvos com filhos e netos, mães viúvas com prole, mulheres solteiras com ou sem filhos, homens solteiros, enfim uma variedade grande de combinações que permitiam aprofundar laços e valores numa situação precária como era a vida em cativeiro. Na fazenda Chacrinha, que pertencia aos mesmos donos, esta variedade também ocorria, só que num plantel menor, da ordem de 49 escravos.
O incentivo aos casamentos e laços familiares entre cativos sofreu um crescimento significativo após o fim do tráfico de escravos africanos, em 1850. A política senhorial de domínio que passa a vigorar, desde então, incluía ainda o aumento das permissões para o cultivo de roças próprias, formas de acumulação de pecúlio por parte do escravo e valorização da mão de obra feminina. Tais condutas faziam parte da estratégia senhorial para manter a “paz nas senzalas”, ao mesmo tempo em que atuavam como forma de controle social e dirimiam os custos da manutenção da escravaria Nas fazendas do barão de Vista Alegre, por exemplo, eram utilizados uma espécie de vales, cunhados com o nome da fazenda e valor, que funcionavam como moeda interna com o objetivo de incentivar a produção, pois podiam ser trocados por gêneros nas vendas da fazenda ou convertidos em dinheiro. No caso de Manoel Pereira de Souza Barros, fizeram parte de sua política senhorial a construção de uma escola para ingênuos, filhos de escravos nascidos após o Ventre Livre, de ambos os sextos e a concessão de algumas alforrias em dias Santos e de nascimento dos filhos.